segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Depois eu faço: conheça os procrastinadores.

“Estudar ou ficar no MSN? Dar uma arrumada no quarto ou dormir mais 15 minutos? Talvez você não perceba, mas todo dia, a toda hora, temos que decidir o que fazer. Tirar o lixo para fora agora ou continuar vendo TV? Escrever de uma vez o trabalho final ou aproveitar o sol lá fora? Às vezes a decisão parece fácil, mas pode acabar em situações complicadas: dizer ao chefe que ainda não terminou o relatório ou inventar uma desculpa? Se na hora de decidir você costuma escolher a opção de deixar para depois, está entre os 95% das pessoas adeptas da procrastinação.

A palavra vem do latim procrastinare, que é a união do prefixo pro (encaminhar) e castinus (amanhã). Ou seja: enrolar.
Depois de amanhã, talvez;
Ela nunca foi tão presente na vida das pessoas quanto depois da invenção do computador – essa máquina de trabalho e estudo que também funciona como janela para o mundo e sala de bate-papo com os amigos. Procrastinação é bem diferente de preguiça. Enquanto preguiça é evitar trabalho, a primeira é ter muita coisa pra fazer e deixá-la para a última hora. “A procrastinação está relacionada a uma discrepância entre a intenção de trabalhar e a ação real de trabalho”, afirma Piers Steel, psicólogo da Universidade de Calgary, ele descobriu que a maioria dos enroladores convive mais com estresse, sentimento de culpa, baixa autoestima e arrependimento por não terem trabalhado antes. O problema também acontece na sala de aula. O sentimento de culpa aparece porque, sem conseguir controlar o próprio tempo, os procrastinadores sentem que o dia passa sem que tenham produzido o mínimo necessário.

Por quê?
Why, Mr. Anderson??
Se ela faz mal para a saúde e acaba com o nosso fim de semana, por que procrastinamos? Aí entram várias hipóteses. O ato de adiar pode estar relacionado à exigência de perfeição. Também pode haver, na raiz da procrastinação, um pouco de autosabotagem. Se achando pouco merecedor dos benefícios que a tarefa poderia lhe render, o procrastinador inventa ou dá muito valor a obstáculos que o impedem de cair de cabeça no trabalho, acabando com a possibilidade de fazê-lo bem feito.

Para Piers Steel, o que mais explica a procrastinação é o fato de valorizarmos muito mais o momento presente que a imaginação de um suposto futuro. Tanto que é muito mais fácil adiar tarefas que exigem tempo (acabam com o nosso tempo presente) e que resultam em recompensas pouco claras para um futuro distante. Muitos de nós evitamos ao máximo uma tarefa porque a consideramos chata, sem sentido ou no mínimo desconectada dos nossos interesses pessoais. Assim, deixamos tudo para amanhã, nos entretendo com algo que cause um alívio mesmo que temporário. Por isso, um jeito de evitar a procrastinação é tornar as tarefas mais legais, se concentrando no que elas têm de bom e na recompensa que ela traz se for realizada antes. Outra razão para trabalharmos em cima do prazo pode ser justamente ele: o prazo. Num mundo cheio de datas-limite para entregar trabalhos, a procrastinação surge como uma espécie de luta entre o tempo psicológico, estabelecido pelos nossos desejos, e o social, marcado pelo relógio.

Hoje, convivemos com aquela que provavelmente é a maior ferramenta de procrastinação da história da humanidade: a internet. Pelo computador, temos acesso imediato e quase gratuito a uma indústria infinita de entretenimento. No meio do trabalho – muitas vezes impessoal – e à distância de um clique, somos chamados a sociabilizar. Temos todo um universo no qual podemos criar personagens, dar opiniões e conhecer pessoas. É nesse ambiente que surgem os programas de bate-papo, redes sociais , blogs e sites de entretenimento rápido. Além disso, estamos mudando nossa percepção de tempo e de urgência. Há pouco tempo, tolerávamos esperar uma semana para receber uma carta. Hoje, demorar um dia para responder um email parece uma eternidade…” Então, bem… deixa para depois…

Fonte: Revista Super Interessante, 2008.

Um comentário:

  1. Por isso que joguinhos idiotas fazem tanto sucesso.
    Assim como os erros rapidamente te punem, a recompensa é imediata com os acertos(coisa que na vida real nunca irá funcionar assim).

    Não somos nada além de animais bem treinados.

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